domingo, 28 de fevereiro de 2010

O PSB E AS ALIANÇAS ELEITORAIS



Está na hora de colocar em discussão, dentro do partido, as alianças eleitorais para o próximo pleito, uma vez que o quadro está cada vez mais delineado. O tema interessa ao conjunto do partido e deve sair do âmbito das direções, pois tal discussão é um espaço de crescimento e de educação política para todo mundo, lideranças e militantes.

Existem alianças que podemos definir eleitorais e outras eleitoreiras. As duas são legítimas e possíveis: as eleitorais são norteadas por objetivos estratégicos; as eleitoreiras por objetivos táticos.
O PSB, desde sua fundação, entendeu que o campo da esquerda é formado por ‘esquerdas’, e que é preciso saber construir alianças eleitorais nesse campo. Foi assim que o PSB agiu em sua história.

Recentemente, após o PT ter privilegiado, no governo, a aliança com o PMDB, o PSB liderou a formação do ‘bloquinho’, com partidos de esquerda, onde se concordou uma aliança preferencial entre tais partidos, mas na prática isso só ficou no papel.
A direção do PSB, não é nenhum segredo, está tratando a questão das alianças para as próximas eleições tanto com o PT como com os ex-membros do ‘bloquinho’. Isso faz parte de sua responsabilidade. Mas a decisão final não pode ser deixada na responsabilidade da direção: todo o partido deverá ser co-responsável. Por isso a questão deveria ter mais espaço de reflexão e discussão.

O PT, em seu congresso, demonstrou a validade de tal discussão: enquanto sua direção, envolvida no espaço da presidência, propôs declarar como ‘privilegiada’ a aliança com o PMDB, os congressistas rejeitaram essa proposta cientes que a escolha da aliança com o PMDB é eleitoreira, não eleitoral. Nessa direção o mesmo congresso soube definir o programa do partido, que é diferente do programa de governo que o PT pretende disputar e dar continuidade.
São questões políticas sérias que merecem ser consideradas também no nosso partido.
Uma primeira questão que deve ser levantada é a da conveniência da decisão do PSB ter ou não candidatura própria ser tomada numa instância partidária ampla.

A candidatura própria tem vários contornos, entre os quais a convicção de que precisamos dar continuidade ao atual processo político nacional, sem arriscar retrocessos:
- a convicção de que é fundamental reverter o quadro no legislativo federal, hoje dominado pelo centro-direita conservador;
- o fato de que o PT, nas instâncias estaduais, é aliado do PMDB e da ala conservadora, e tem, com relação ao PSB, uma postura hegemônica e só pensa nos seus interesses, não negocia nada, ou seja, é eleitoreiro;
- o fato de que uma candidatura própria pode realmente fortalecer nosso partido e propicia uma maior e mais profunda propaganda de nosso partido, nossos ideais e nossas propostas.

A questão eleitoral desafia nosso partido a ter uma sua proposta clara e consolidada. Não temos, até hoje, um programa atualizado para disputar as eleições nacionais. Sabemos que o PSB investiu seriamente, no ano passado, na elaboração do seu Planejamento Estratégico, compromisso assumido na ocasião da posse da Direção Nacional em dezembro de 2008. Esperamos receber o quanto antes o resultado de tal elaboração, para que, como militantes do socialismo democrático no PSB, possamos melhor atuar na construção dos ideais que nos unem na construção de nosso país.

* Adriano Sandri é Cientista Político e Militante do PSB/ DF.

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