Gil Vicente Tavares*
Após uma disputa eleitoral que chegou às mais sórdidas profundezas do atraso, com acusações à candidata Dilma que iam do lesbianismo ao ateísmo, da guerrilheira à mulher à favor do aborto - como se essas características fossem defeitos, que o são numa sociedade atrasada -, hoje, dia 1 de janeiro de 2011 a nova presidente do Brasil tomou posse.
De todos os momentos, imagens bonitas, discurso firme - e falando da cultura como elemento importante, algo ao menos simbólico pra mim - houve uma imagem que mexeu bastante comigo e com quem estava presente, ao meu lado.
De repente, pessoas de vários credos, preconceitos e crenças partidárias e sociais presentes na minha sala estavam emocionados com toda a simbologia do ato; Dilma Roussef, ao lado de um Dragão da Indepedência, passava em revista uma tropa, que batia continência pra ela.
Os militares, que torturaram Dilma, reverenciavam uma presidente mulher, ex-guerrilheira, que desfilou sozinha, sem precisar de um primeiro-cavalheiro, ou sei lá como se chama o masculino de primeira-dama. Uma mulher desquitada, segura de si. Indenpendente.
Lá vai o Brasil subindo a rampa. E com ele os brasileiros que esperam que acima e longe de partidarismos, emparelhamento do estado, negociatas, corrupção e ideologias, nosso país melhore lá e cá. Sim, porque somos tão corruptos quanto eles, tão tendenciosos e revanchistas quanto eles. Sempre que podemos, nos corrompemos, criticando os que se corrompem lá. É aquela velha história de nos acharmos espertos e acharmos o outro corrupto.
Agora Dilma é presidente de todos. A torcida tem que ser de todos, também.
O Brasil precisa mudar. Hoje, uma mulher ex-guerrilheira e desquitada subiu a rampa, deixando para trás preconceitos, torturas, machismo e dogmas religiosos.
Que sigamos o passo sem perder o compasso. Está na hora dessa gente bronzeada mostrar seu valor.
* Gil Vicente Tavares, é poeta, dramaturgo e ator
fonte: Blog PSB Salvador
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